Com sede em Ubatuba, Instituto Profauna foca em educação ambiental e cuidado com as espécies locais, que necessitam de atenção cada vez maior devido ao crescimento da região
Em 2008, um grupo de profissionais preocupados com a proteção da fauna de Ubatuba, no litoral norte paulista, criou um projeto de educação ambiental que teve grande repercussão entre os professores da rede pública pela importância dos temas para a região: o combate à caça e ao tráfico de animais silvestres. O município, com cerca de 80% de seu território dentro do Parque Estadual Serra do Mar, carecia de ações como essa, que foi batizada de Programa Bicho Solto.
Com o tempo, a iniciativa despertou atenção cada vez maior e o grupo começou a ser acionado em ocorrências envolvendo a fauna silvestre, como casos de atropelamentos, caça e comércio ilegais e até animais necessitando de apoio para reabilitação. Em 2016, esses voluntários formalizaram suas atividades com a criação do Instituto Profauna, organização não governamental com finalidades não lucrativas.
“O Programa Bicho Solto ainda existe e faz parte dos projetos do Instituto, pois a educação ambiental para a proteção da fauna silvestre é um de nossos principais pilares”, conta Tiago de Carvalho Leite, coordenador técnico do Profauna. Além dessa frente de trabalho, ele destaca outras três que são foco da organização: atendimento da fauna silvestre, pesquisa científica e capacitação para geração de renda e inclusão social. Com sede em Ubatuba, o Instituto também já desenvolveu ações e pesquisas em outros estados brasileiros e no exterior.
Leite é um dos oito profissionais que apoiam financeiramente e se dedicam de maneira 100% voluntária ao Profauna, que também possui uma rede de colaboradores indiretos. O Instituto ainda recebe contribuições de pessoas físicas, interessadas em apoiar as ações realizadas. Algumas delas atendem a toda a fauna silvestre local, mas há também focos específicos, como conta o coordenador: “Temos um projeto para animais vítimas de atropelamentos, voltado a todas as espécies, sem distinção. E temos outro direcionado para a pesquisa e conservação do muriqui-do-sul, o maior primata das Américas, espécie endêmica do Sudeste e uma das mais ameaçadas do mundo, com população estimada em apenas 2.000 indivíduos”.
Um trabalho necessário
Com o crescimento urbano de Ubatuba e o aumento das populações local e flutuante, passa ser maior o potencial de interações entre pessoas e animais, o que torna as iniciativas do Profauna ainda mais importantes. Uma delas, citada por Leite, é o projeto 101, a BR da Vida, que monitora e presta socorro a animais silvestres atropelados na BR-101 e em estradas adjacentes que cortam o município. “O projeto já registrou mais de 800 ocorrências, atendendo a cerca de 95 espécies, muitas ameaçadas de extinção”, conta Leite.
O especialista, que é biólogo, pós-graduado em Ecologia e Monitoramento Ambiental e atualmente dá continuidade aos seus estudos na área, afirma que o crescimento da região se reflete diretamente sobre as condições de conservação da fauna local. Isso porque os animais precisam buscar novas áreas para desenvolver seu ciclo de vida, se expondo a muitos riscos. Ele chama a atenção para cuidados que podem promover uma convivência mais harmônica com a fauna silvestre, listando oito recomendações importantes.
- Nunca tentar capturar ou manejar animais silvestres, o que só deve ser feito por profissionais preparados e habilitados para isso.
- Dirigir com atenção redobrada em rodovias que cortam ambientes florestais e em áreas de Unidades de Conservação, respeitando os limites de velocidade e evitando dirigir à noite.
- Nunca jogar lixo ou restos de alimentos na beira das estradas para não atrair animais.
- No caso de atropelamento de animal silvestre, jamais tocar nele ou tentar resgatá-lo. Podem ser acionados a concessionária da via, a Polícia Rodoviária ou Ambiental, o Corpo de Bombeiros e, na região de Ubatuba, o Instituto Profauna.
- Em residências localizadas em condomínios arborizados, nunca deixar potes de água e alimento de cães e gatos para o lado de fora da casa, evitando atrair animais silvestres.
- Em casas de veraneio que permanecem fechadas por longos períodos, é importante vedar acessos ao foro e chaminés para evitar que sejas usados como abrigo para animais.
- Em caso de serpentes, a recomendação é jamais matar ou agredir o animal, pois ao identificar a presença humana ele tende a fugir, o que é seu comportamento natural. Caso seja achada uma serpente dentro de casa, deve-se acionar o Corpo de Bombeiros ou o Instituto Profauna.
- Em residências com grandes portas e janelas envidraçadas, principalmente em áreas arborizadas, devem ser instalados adesivos nos vidros para evitar a colisão de aves.
Seguindo essas recomendações, diz Leite, moradores e visitantes do litoral já estão dando uma valiosa contribuição para a preservação da fauna silvestre e o delicado equilíbrio do meio ambiente. “Todas as espécies possuem sua importância ecológica na complexa teia da vida. Se uma for impactada, as outras, direta ou indiretamente relacionadas a ela, estarão expostas a maior risco e vulnerabilidade”, conclui ele.
Acompanhe as atividades do Instituto Profauna em www.profauna.org.br, onde estão os links para todas as redes sociais do Instituto. Para mais informações e formas de contribuir, acesse os canais de atendimento ou escreva para contato@profauna.org.br.