Especialistas concordam que o convívio com a natureza e a busca pelo bem-estar terão cada vez mais espaço no cenário que se desenha daqui para a frente
Você provavelmente já ouviu a expressão “novo normal”, que vem sendo usada para definir como será o mundo d.c., abreviação que brinca com a famosa sigla, renovando-a com o significado “depois do coronavírus”.
O novo normal é reflexo das mudanças que estamos vivendo. E o que não mudou neste turbulento período? Nossa forma de trabalhar, estudar, conviver com amigos e família, enfim, tudo ficou diferente. Muitas dessas mudanças nos trouxeram preocupação, insegurança e outros sentimentos negativos, enquanto outras nos surpreenderam, entre elas o entendimento de que podemos viver com menos, de forma mais simples, com maior consciência ambiental e menor desperdício de recursos.
Com todas essas transformações pautando a vida de milhões de pessoas em todo o mundo, surge um movimento que combina trabalho, bem-estar e qualidade de vida. Esses três itens estão intimamente relacionados e um exemplo disso é que aqui no país começa a crescer o êxodo urbano, liderado por jovens adultos, que abrange tanto os que buscam trabalhar em atividades alternativas, no campo e na praia, quanto os que se mantiveram empregados em home office. Todos têm como objetivo viver com maior equilíbrio, em cidades mais verdes.
O movimento é favorecido pelo crescimento do home office, que parece ter vindo mesmo para ficar. Segundo o estudo Tendências de Marketing e Tecnologia de 2020, o trabalho remoto pode crescer até 30% no país depois da pandemia, pelos ganhos e os bons resultados obtidos pelas empresas com o novo formato. É o home office que vem permitindo a um grande contingente de pessoas escolher onde deseja morar e priorizar o bem-estar e a saúde.
E não estamos falando apenas da saúde física. A pandemia nos mostrou a importância da saúde mental, fundamental no momento em que precisamos de força psicológica para enfrentar os novos desafios. Tanto isso é verdade que, em diversos países, mesmos com lockdowns rigorosos, atendimentos sociais e psicológicos foram mantidos em funcionamento por serem considerados serviços essenciais.
Todas essas questões convergem na busca por uma proximidade maior com a natureza. Talvez a principal tendência do novo normal, a procura por uma reconexão com o ambiente natural fica cada vez mais evidente, seja na demanda por residir fora dos grandes centros urbanos, seja pela alta nos destinos turísticos de natureza.
A escolha é lógica. Muitos aspectos importantes de nossas vidas e relacionados à saúde têm a ver com a natureza. A imunidade que dificulta infecções é reforçada pela vitamina D, metabolizada no organismo a partir da exposição ao sol. Ar limpo, circulando livremente entre os ambientes, também é outro fator que favorece a saúde. A própria vivência em ambientes naturais traz bem-estar e tranquilidade, influindo até mesmo na recuperação da fadiga, conforme apurou um estudo realizado em 2019 pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, que demonstrou como a relação com cenários naturais pode ser um elemento de promoção da saúde.
Por tudo isso, entre todas as tendências pós-pandemia, a busca pela reconexão com a natureza tem sido reconhecida como a herança positiva da crise que vivemos. Ela tem levado muitas pessoas a repensar suas escolhas em busca do chamado bem-estar 360º, aquele que abrange todos os aspectos de nossas vidas.
Ficar perto da natureza e aproveitar o verde é um prazer que está sendo resgatado, assim como outros que redescobrimos e que fazem parte dessa nova visão holística sobre como viver e onde morar: estar com a família, um gostoso almoço de domingo em casa, uma caminhada à beira-mar, desacelerar e ouvir nosso próprio corpo.
Esses prazeres simples, todos eles, são parte do “novo normal” – que, pensando bem, também é uma volta ao “velho normal”, aquele que tinha ficado esquecido na correria do dia a dia, e que, quem sabe, pode nos levar a uma vida mais saudável, plena e feliz.